Vias romanas em Portugal têm ainda muitas incógnitas

 


Ao contrário da maioria dos países, em Portugal nunca houve um interesse ou estudo mais estruturado sobre o património viário de época romana. Aliás, ainda hoje desconhecemos onde estariam a maior parte dos troços de estrada. Mas, curiosamente, Portugal foi um dos primeiros países a assistir à publicação de obras nas quais alguns testemunhos são recolhidos. No século XVI tivemos duas excepcionais gerações de eruditos que se interessaram por compilar “antigualhas” romanas, como então se escrevia, e nessas referências encontram-se descrições de troços de vias, marcos miliários e pontes. André de Resende deixou um testemunho de incalculável valor sobre troços hoje destruídos, e Frei Bernardo de Brito também menciona um património hoje perdido.



Apesar do promissor início, o estudo das vias romanas registou uma quase completa paragem durante vários séculos. Andar no terreno à procura dos vestígios existentes não faz parte da tradição arqueológica portuguesa, com notáveis excepções. Para a nossa região, um pioneiro estudo destaca-se: Félix Alves Pereira, ligado ao Museu Nacional de Arqueologia e à escola de trabalho de campo de José Leite de Vasconcelos, fez um exemplar estudo sobre o traçado da via XIV entre Alter do Chão e Ponte de Sor.


O trabalho, publicado no Arqueólogo Português, tem o mérito de pela primeira vez dar a conhecer a monumental ponte de Vila Formosa. Regista ainda marcos miliários e sítios arqueológicos que depois serão perdidos e tem um conjunto de fotografias de incalculável valor etnográfico.