Cabeço de Vide: a lenda da Cova da Serpente


 Conta-nos Augusto Serras (p. 109) que um cavaleiro em viagem de Avis para São Pedro passou na garganta da Serra das Penas. De súbito, uma enorme serpente sai de um buraco na escarpa e lança -se na direcção de ambos. Alarmados, põem-se em fuga, mas o bicho medonho galga-lhes terreno. O cavaleiro esporeia o alazão até lhe fazer sangue nos costados, fugindo a galope pelo Outeiro da Forca, seguindo pela azinhaga das Feiticeiras e pelas Ferrarias. Contudo, já o monstruoso animal se aproxima de bocarra aberta quando o cavalo, num último esforço, dá um salto monumental na direcção da porta da igreja. Sentindo o fim, o cavaleiro exclama “valha-me São Pedro, momento em que um estoiro ecoa nas suas costas: a serpente havia desaparecido e, ao cair do salto, os cascos do cavalo ficaram cravados na soleira da porta da igreja de São Pedro, cuja pedra seria depois roubada. Esta lenda tem dois aspectos muito curiosos: a Cova da Serpente é um abrigo sob rocha que controla a passagem da serra.



Tem múltiplas ocupações, pelo seu valor estratégico, sendo um sítio arqueológico de grande potencial. Também é de notar a menção ao caminho que o cavaleiro percorre, pois passa a norte de cabeço de Vide sem entrar na vila; este itinerário seria transitável na época, mas ter-se-á perdido. Da mesma forma, a menção aos topónimos é de enorme interesse histórico. Por fim, quanto à capela de São Pedro, ainda se ergue em ruínas, sendo um dos mais interessantes sítios arqueológicos da região. A ela se associa outra lenda de interesse arqueológico...